sábado, 6 de octubre de 2012

Entre margens e cânones


A mesa que abrirá a I Jornada de Literatura Contemporânea da Unifesp é composta por trabalhos que discutem as relações e tensões entre as margens sociais e o cânone literário brasileiro:


João Antônio, ficção, malandragem e autobiografia
Bruno Zeni (USP)

O escritor João Antônio estreou na literatura com o volume de contos Malagueta, Perus e Bacanaço (1963), sucesso de público e crítica que o consagrou como um retratista da malandragem de São Paulo e escritor atracado com a vida. O autor se mudou para o Rio de Janeiro, onde viveu até o fim da vida (1996), atuando como jornalista e escritor. Sua literatura ainda conserva grande atualidade em uma combinação inusitada de ficção realista, experimentação de linguagem e autobiografia, expressando o caráter contestador da malandragem, do crime e da experiência pessoal, mas também seus limites.

João Antônio

Sobre o autor:
João Antônio (1934-1996). Jornalista e escritor brasileiro. Nascido em São Paulo, João Antônio mudou-se para o Rio de Janeiro em 1964. Tem a sua obra marcada pela presença de personagens do submundo das grandes cidades: malandros, desempregados, jogadores de sinuca, prostitutas, homossexuais. Entre as mais de vinte obras publicadas estão Malagueta, Perus e Bacanaço (1963), Leão de chácara (1975) e Malhação do Judas carioca (1975).

Memórias do contragosto: MM na luta contra o cânone
Sérgio de Sá (Universidade de Brasília)

Em O azul do filho morto (2002) e Charque (2011), Marcelo Mirisola faz estripulias com as recordações do vivido, lido e visto. Como é possível ser do contra na atualidade? Como desestabilizar as certezas compartilhadas no agora? Ainda se pode dizer não? A prosa de MM oferece uma resposta em primeira pessoa que persegue e tenta se desviar da trilha ambígua aberta, pela literatura brasileira contemporânea, entre realidade e ficção.  

 Marcelo Mirisola

Sobre o autor:
Marcelo Mirisola (1966). É formado em Direito e autor de contos, crônicas e romances. Entre eles, Fátima fez os pés para mostrar na choperia (1998), O azul do filho morto (2000), Bangalô (2003) e Charque (2011).

Recusa e procura do cânone: a manipulação do estigma nas narrativas prisionais contemporâneas
M. Rita Palmeira (USP)

Narrativas escritas por homens marcados pela experiência prisional no Brasil de fins do século XX parecem destinar-se a dois interlocutores ideais distintos: os pares na prisão e os leitores do mundo exterior. As histórias, quase todas de teor autobiográfico, recuperam códigos e comportamentos originais que estão na base das relações prisionais, de uma “sociedade” fechada em si, mas que, para existir, precisa reportar-se ao mundo exterior. Para que existam, as condutas e valores próprios ao universo prisional dependem da expectativa de “estar-fora” daquele ambiente. O modo como esses autores procuram garantir seu espaço no campo literário repõe a mesma ambivalência: se por um lado sustentam certa recusa aos critérios de valor que atribuem ao “mundo exterior”, por outro reivindicam a sua chancela. Partindo de uma análise de Memórias de um sobrevivente, de Luiz Alberto Mendes (Companhia das Letras, 2001), pretendo refletir sobre o modo como o estigma (E. Goffman) de presidiário termina por prestar-se a esta dupla função: afastamento do cânone e desejo profundo de fazer parte dele.


Luiz Alberto Mendes


Sobre o autor:
Luiz Alberto Mendes (1952). Nasceu em São Paulo, onde passou boa parte de sua vida em reformatórios e penitenciárias. É autor de três livros Memórias de um sobrevivente (2001), Tesão e Prazer: Memórias Eróticas de um Prisioneiro(2004) Ás Cegas (2005).


Quando: Segunda-feira 29 de outubro de 2012, às 14H.
Onde: Auditório Adamastor-Pimentas (UNIFESP) - Estrada do Caminho Velho, 333 - Bairro dos Pimentas. Guarulhos SP. 

No hay comentarios:

Publicar un comentario