Passantes, banhistas, manifestantes:
as metamorfoses da ninfa em Carlito Azevedo
Eduardo Sterzi (Unicamp)
Acusou-se,
recentemente, Carlito Azevedo de adesão a um programa de “retradicionalização
frívola” que, supostamente, caracterizaria grande parte da poesia brasileira
das últimas décadas. Buscaremos contestar tal interpretação e juízo a partir de
uma investigação de certas figuras femininas constantes em sua obra, na qual
talvez se possam entrever novas metamorfoses de uma imagem recorrente da
cultura não somente literária, mas mais amplamente artística, do Ocidente:
aquela da Ninfa, que já ocupou o centro da reflexão de estudiosos como Aby
Warburg e, mais recentemente, Georges Didi-Huberman, Giorgio Agamben e Roberto
Calasso. Nossa hipótese é que, se há jogo com a tradição em Carlito Azevedo,
este está longe de ser frívolo, na medida em que implica um repensamento da
história da literatura e da arte, assim como, sobretudo, do estatuto mesmo da
imagem: de sua consistência ontológica ambivalente (ao mesmo tempo material e
imaterial, literal e simbólica, concreta e sonhadora, vívida e fantasmática) a
sua historicidade própria (constitutivamente intempestiva, anacrônica,
dialética).
Carlito Azevedo |
A literatura ainda é possível?
Luciene
Azevedo (Universidade Federal de Bahía)
Tomando
como premissa básica a observação de Reinaldo Laddaga de que “nos encontramos
en el trance de formación de un imaginario de las artes verbales tan complejo
como el que tenía lugar hace dos siglos, cuando cristalizaba las idea de uma
literatura moderna”, essa comunicação pretende partir do comentário sobre
alguns relatos teóricos recentes que tematizam o fim da literatura. Mas ao
invés de comprar o idealismo das retóricas que alardeam o prognóstico
apocalíptico, gostaria de apostar na hipótese de um deslizamento epistemológico
capaz de reinventar contemporaneamente o estatuto do que considerávamos
literatura até bem pouco tempo. Nesse sentido, a literatura só estaria em fuga
(a expressão é da crítica argentina Sandra Contreras), caso insistíssemos em
avaliá-la com base em parâmetros que estão sendo deslocados pelos objetos
surgidos no presente do século XXI e que pedem para ser lidos de forma
distinta. Para testar minhas hipóteses, gostaria de analisar mais de perto dois
não-romances específicos. O do escritor uruguaio Mario Levrero, La
Novela Luminosa, e This is not a novel de David
Markson.
Da pobreza da literatura
Marcos Natali (USP)
Tendo como pano de fundo
debates a respeito da recente mobilidade social no Brasil e suas possíveis
consequências para a cultura local, o trabalho revisita algumas cenas
contemporâneas em que foi colocada em questão a relação entre literatura e
pobreza. Trata-se, portanto, de tentar relacionar análises de mudanças no
panorama social do país e certo “tom apocalíptico” presente em alguns lamentos
sobre o estado atual da literatura brasileira.
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