miércoles, 3 de octubre de 2012

Os fins da literatura


Passantes, banhistas, manifestantes: as metamorfoses da ninfa em Carlito Azevedo
Eduardo Sterzi (Unicamp)

Acusou-se, recentemente, Carlito Azevedo de adesão a um programa de “retradicionalização frívola” que, supostamente, caracterizaria grande parte da poesia brasileira das últimas décadas. Buscaremos contestar tal interpretação e juízo a partir de uma investigação de certas figuras femininas constantes em sua obra, na qual talvez se possam entrever novas metamorfoses de uma imagem recorrente da cultura não somente literária, mas mais amplamente artística, do Ocidente: aquela da Ninfa, que já ocupou o centro da reflexão de estudiosos como Aby Warburg e, mais recentemente, Georges Didi-Huberman, Giorgio Agamben e Roberto Calasso. Nossa hipótese é que, se há jogo com a tradição em Carlito Azevedo, este está longe de ser frívolo, na medida em que implica um repensamento da história da literatura e da arte, assim como, sobretudo, do estatuto mesmo da imagem: de sua consistência ontológica ambivalente (ao mesmo tempo material e imaterial, literal e simbólica, concreta e sonhadora, vívida e fantasmática) a sua historicidade própria (constitutivamente intempestiva, anacrônica, dialética).

Carlito Azevedo


A literatura ainda é possível?
Luciene Azevedo (Universidade Federal de Bahía)

Tomando como premissa básica a observação de Reinaldo Laddaga de que “nos encontramos en el trance de formación de un imaginario de las artes verbales tan complejo como el que tenía lugar hace dos siglos, cuando cristalizaba las idea de uma literatura moderna”, essa comunicação pretende partir do comentário sobre alguns relatos teóricos recentes que tematizam o fim da literatura. Mas ao invés de comprar o idealismo das retóricas que alardeam o prognóstico apocalíptico, gostaria de apostar na hipótese de um deslizamento epistemológico capaz de reinventar contemporaneamente o estatuto do que considerávamos literatura até bem pouco tempo. Nesse sentido, a literatura só estaria em fuga (a expressão é da crítica argentina Sandra Contreras), caso insistíssemos em avaliá-la com base em parâmetros que estão sendo deslocados pelos objetos surgidos no presente do século XXI e que pedem para ser lidos de forma distinta. Para testar minhas hipóteses, gostaria de analisar mais de perto dois não-romances específicos. O do escritor uruguaio Mario Levrero, La Novela Luminosa, e This is not a novel de David Markson.


Da pobreza da literatura
Marcos Natali (USP)

Tendo como pano de fundo debates a respeito da recente mobilidade social no Brasil e suas possíveis consequências para a cultura local, o trabalho revisita algumas cenas contemporâneas em que foi colocada em questão a relação entre literatura e pobreza. Trata-se, portanto, de tentar relacionar análises de mudanças no panorama social do país e certo “tom apocalíptico” presente em alguns lamentos sobre o estado atual da literatura brasileira.

No hay comentarios:

Publicar un comentario